segunda-feira, 18 de março de 2013

O papa dos pobres



O novo papa chama-se Francisco. Ele mesmo explicou aos jornalistas, na conferência de imprensa de sábado passado, que escolheu este nome em memória de S. Francisco de Assis, o santo dos pobres, do qual ele quer ser um imitador. É um nome altamente simbólico e … desafiante. Pessoalmente, penso que só um papa jesuíta podia ter escolhido um tal nome (sem ser acusado de "partidismo"). Os jesuítas são conhecidos por serem pessoas de grande estudo e inteligência fina, não pelo seu combate em defesa dos pobres. E no entanto papa Francisco disse estar em favor de uma Igreja pobre e que está do lado dos pobres. Qual desafio!!
Ele é também o primeiro papa jesuíta da história e o primeiro a ter escolhido o nome de Francisco. Simples coincidência? Não acredito. Pelo contrário, este papa, com a sua simplicidade verdadeiramente franciscana, é capaz de revolucionar a Igreja, começando pela Cúria romana. Este papa irá marcar fortemente a historia do nosso tempo. 

Um projeto de horticultura no mato

O local escolhido (na zona de Quidé) para o
projeto de horticultura antes do inicio do projeto
A ideia não foi minha, mas do meu predecessor, o fr. Armando Cossa'. Ele fez um pedido para um projeto de horticultura no território da paróquia de Nhoma. Eu, chegando, tive de encontrar o lugar certo e os meios para realiza-lo. Não foi nada fácil: trata-se de um projeto de horticultura com irrigação gota-a-gota e isto em pleno "mato". Para começar, é preciso dizer que os únicos materiais que encontrei in loco, quer dizer, no mercado de Bissau, foram as enxadas e a rede de vedação. Todo o resto: tubos de irrigação, ferros de vedação, estufa, não estão disponíveis. Seria preciso comprar a Ziguinchor (Senegal) ou até mais longe... Mas com a ajuda de Deus (e com muita paciência) estamos a conseguir.

O mesmo local já preparado para ser cultivado











O Sr. Diego Pagura (com chapeu vermelho) estuda o terreno
Aqui é meu dever mencionar a assistência técnica e pratica do Diego, de profissão agricultor. Sem os seus conselhos e orientações, este projeto não teria  tido nenhuma probabilidade de êxito .

sexta-feira, 8 de março de 2013

Frades em assembleia

Os frades franciscanos da Guiné-Bissau estiveram reunidos para uma reunião de formação permanente no dia 8 de Março em Cumura. O tema escolhido foi: a simplicidade, apresentado pelo secretario da formação permanente, fr. Armando Cossa.
Fr. Armando Cossa apresentando o tema do encontro

Nos trabalhos de grupo  alguns participantes afirmaram que a simplicidade é um valor muito importante, que nos carateriza, mas que, infelizmente, não estamos a viver plenamente. A gente tem uma grande estima dos frades, que considera simples e solidários com os pobres. Mas não suficientemente pobres.

segunda-feira, 4 de março de 2013

Conflitos na zona de Nhacra



Nhacra é uma pequena vila a cerca de 30 quilómetros de Bissau. Ela tornou-se mais conhecida nos últimos dias, depois que na semana passada houve confrontos entre habitantes desta vila e de três tabancas vizinhas: Rotchum, N’Dame e Cola. Os fatos aconteceram na 2ª e 3ª feiras passadas e dizem respeito a problemas de terrenos, onde – ao que parece – alguns fizeram plantação de caju sem pedir a autorização aos ocupantes tradicionais. Houve choques entre eles com insultos, ameaças, e até ferimentos e prisão de alguns habitantes das tabancas. A tensão é palpável na zona, ninguém ousa sair de casa para limpar a sua horta; até parece que os habitantes das tabancas tenham organizado patrulhas para controlar os terrenos que – segundo dizem – lhes pertencem.
A nossa paróquia, à qual pertence esta zona, já promoveu dois encontros entre as partes em conflito. O pároco (com alguns colaboradores da paróquia) encontrou, primeiro, as três tabancas acima mencionadas (na 5ª-feira) e no sábado os proprietários de hortas de Nhacra. Agora está-se a preparar a terceira reunião, que terá lugar na missão de Nhoma (portanto, em território neutro). Cada parte vai enviar uma delegação com alguns membros escolhidos pelos habitantes. Haverá reconciliação entre eles? Não sabemos ainda, mas estamos todos a rezar para isso. 
Vista da tabanca de Rotchum