quarta-feira, 10 de janeiro de 2018

A diocese reunida em sínodo (3a e última sessão)

Cerimónia de abertura da terceira sessão
 A diocese está reunida em sínodo, sendo esta a terceira e última sessão (8-11 de janeiro). Esperamos que deste sínodo saiam orientações claras e precisas para toda a diocese dentro dum plano pastoral global. Mas a comissão que vai trabalhar as propostas que sairão do sínodo tem um grande trabalho a fazer, porque o próprio sínodo não se pronunciou sobre objetivos (geral e específicos) e prioridades, mas achou tudo importante e tudo urgente.

 Estes são os temas em agenda para a terceira sessão:



1. Estruturas pastorais
A Igreja, como qualquer sociedade  humana, precisa de uma organizaçao interna, que garanta a sua continuidade no tempo e a sua fidelidade à inspiração original.
A nossa diocese, durante estes 40 anos, dotou-se de uma vasta rede de estruturas ao serviço da ação pastoral e evangelizadora. Algumas destas estruturas são mesmo exigidas pela lei canónica da Igreja, outras foram surgindo com o tempo segundo as necessidades. São estas estruturas ainda válidas e necessárias, ou são velhas e anacrónicas, constituindo um fardo pesado para a diocese? Quais estruturas devem ser mudadas? Quais deveriam ser renovadas e atualizadas?

2. Fé e razão
Para muitos cristãos fé e razão estão em oposição, devendo a razão sempre ceder diante da fé. Mas é mesmo assim? O  desígnio do Criador foi de dotar o género humano de inteligência para que explorasse os mistérios da natureza e do mundo do espírito.  No entanto, devemos evitar de cair no duplo erro do fideismo (=a fé como solução última de todos os problemas) e do racionalismo (=a razão humana è o principal critério de conhecimento de tudo o que existe). O grande teologo S. Agostinho costumava dizer: “Eu creio para compreender e compreendo para crer melhor”.
Será que nós valorizamos o diálogo entre fé e razão? Somos conscientes da complementariedade entre as duas?
3. O cristão e a política
A política é a arte de governar a polis (=cidade/estado). Ela se ocupa do destino comum dos povos.  E’ um campo de atividade especialmente reservado aos leigos, que se deixam guiar nisso pela Doutrina Social da Igreja.
Nesta ótica a Igreja não cessa de exigir de cada cristão, em quanto cidadão, um engajamento sério na política, como lembra o Catecismo da Igreja Católica: “Os cidadãos devem, tanto quanto possível, tomar parte ativa na vida pública.” (n. 1915)  Isso porque a Igreja considera fundamental a promoção do bem comum e a defesa dos valores cristãos.
Mas quanto são os cristãos que se implicam corajosamente  na administração da polis? Os funcionários públicos como exercem a sua função? Com empenho e profissionalidade ou como uma ocasião para se enriquecer?

4. A pastoral vocacional
O Senhor Jesus continua passando nas nossas ruas e cidades chamando pessoas a segui-lo mais de perto na vida religiosa e no sacerdócio.  Esta pastoral procura facilitar o encontro entre Jesus e o candidato através dum processo de discernimento e um acompanhamento personalizado. Esta pastoral está estruturada em etapas, sendo a paróquia  o “berço natural” de todas as vocações e a sua etapa inicial.
As nossas famílias e comunidades  são sensíveis aos  sinais de vocação mostrados pelos candi-datos?  Estão prontas a colaborar com eles?

5. A pastoral universitária
Esta pastoral visa acompanhar os estudantes universitários nos seus estudos, para que possam ter momentos de encontro e de reflexão sobre a fé e a cultura, a fé e a ciência, a fé e o mundo globalizado. Noutras palavras, a fé deveria iluminar e dar sentido ao estudo, entendido não tanto como mero conhecimento, mas como uma preparação para uma missão: a de purificar e elevar as culturas, as ciências e, em definitiva, todas as realidades temporais a partir dos valores evangélicos. 
Os nossos jovens universitários se preocupam com a sua fé?  Tomam o tempo de aprofunda-la? Sabem encontrar  tempo para ajudar nas paróquias? 

6. A pastoral juvenil
Com esta pastoral a Igreja pretende acompanhar os adolescentes e jovens na sua caminhada vocacional e na inserção na Igreja. Eles normalmente são membros de algum grupo ou movimento eclesial (ver mais para frente grupos e movimentos na paróquia),  recebendo assim uma formação personalizada.
Um grupo muito sensível é o dos JO-PAIS, quer dizer, os jovens que tiveram um filho fora do casamento e ainda não estão prontos para se casar. Este grupo exige um acompanhamento e uma atenção especiais que nem todas as paróquias conseguem dar.  Como fazer para não perder estes jovens que “falharam” - é verdade - mas pretendem continuar a servir a Igreja?
 E os nossos adolescentes e jovens, como são acompanhados? Os párocos são sensíveis às suas exigências de  autonomia e de liberdade?  Conhecem os jovens? Vão ao seu encontro? Sabem interpretar as suas angústias e medos?
Acerca do próximo Sínodo dos jovens, que vai ter lugar em Roma em outubro, como estamos a nos preparar para este grande acontecimento? As nossas paróquias foram sensibilizadas sobre as temáticas do sínodo? Qual é o grau de participação dos nossos jovens na preparação do mesmo?

7. Grupos e movimentos nas paróquias
È inegável a contribuição que grupos e movimentos de apostolado (adolescentes, jovens, famílias cristãs, CV-AV, JUFRA, carismáticos, grupos de oração, Legião de Maria, etc.) podem dar e de facto dão às nossas paróquias e comunidades. Com o seu dinamismo e criatividade,  eles dão impulso às nossas estruturas pastorais, que muitas  vezes mostram sinais de velhice e falta de inspiração.
Mas estes grupos e movimentos devem ser acompanhados de perto para que não desviem do caminho certo. Eles são uma bênção de Deus, quando estão bem inseridos na pastoral de conjunto da paróquia.
Podem surgir, e de facto acontecem, conflitos e desentendimentos quando um grupo ou movimento quer emergir sobre os outros, monopolizando a pastoral; ou quando anda por sua conta, criando competição e divisão com os outros grupos. Um outro problema é o fenómeno da “multipla pertença”, quando um adolescente ou jovem é membro de dois ou mais grupos e/ou movimentos.
Como fazer para  que haja harmonia e colaboração na paróquia? E’ possível ser membro de dois ou mais grupos e movimentos contemporaneamente?
 
8. Ecologia e proteção do meio-ambiente
Ecologia significa: o cuidado da casa comum, que é o planeta terra. E’ um tema urgente e  importante, sobretudo para os países ditos “avançados”, que têm um  elevado grau de industrialização e, consequentemente, de poluição. 
A  própria Igreja sentiu a necessidade, nestes últimos anos, de elevar a sua voz em defesa do
meio-ambiente, cada vez mais ameaçado de destruição pelos hábitos irresponsáveis da humanidade.
O papa Francisco dedicou a esta problemática uma carta enciclica (Laudato sii), manifestan-do a sua preocupação pelo “urgente desafio de proteger a nossa casa comum” e lançando um “convite urgente a renovar o diálogo sobre a maneira como estamos a construir o futuro do planeta”. (nn. 13 e 14).
Os temas da ecologia e da proteção do meio ambiente não entraram ainda na agenda dos nossos políticos, que não os consideram uma prioridade. Mas até quando estaremos de braços cruzados a olhar para a casa que queima, sem fazer nada para apagar o fogo?


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