Como se sabe, a vida
missionaria reserva sempre surpresas. A minha também. Depois de ter feito uma
paragem (imprevista) na Itália durante quatro meses (dezembro de 2023 a março
de 2024) por problemas pulmonares e cardíacos, eis-me aqui de novo. Desta vez foi
uma caída com a mota no dia 31 de agosto perto da vila de Quinhamel. Eu estava
a regressar à nossa missão, quando de surpresa deparei com um tronco no meio da
estrada. Era noite, chovia, o farol da mota não iluminava muito bem, enfim, eu
bati com violência contra o obstáculo e PUUUMMM!
Levado ao hospital de
Quinhamel, não me parecia de ter nada de fraturado. A chapa que foi tirada no
dia seguinte, também, não revelava nada. Assim, regressei reconfortado à nossa missão.
Mas nos dias seguintes, visto que a minha situação não melhorava, aconselhado pela ir. Catherine (enfermeira de grande experiência), decidi fazer
uma consulta no hospital de Cumura, onde fiquei internado durante três semanas.
Mas também aqui ninguém descobriu o que eu tinha. O que fazer? Diante da perspectiva
de ficar deficiente para sempre, decidi ir para Itália, esperando ver a minha situação
desbloqueada.
Em Turim, os meus confrades levaram-me logo para o hospital CTO (centro traumatológico) onde me detectaram fratura
do fêmur e logoramento da cabeça do fêmur. Resultado? Eu fui operado no dia
5 de outubro e agora estou no "Cottolengo" (outro hospital) a fazer a reabilitação da perna esquerda.
Ficar no hospital não é
nada agradável, eu admito, especialmente uma pessoa como eu que gosta de ação, movimento.
E no entanto, aqui no hospital estou a fazer novas amizades e a descobrir um mundo
para mim desconhecido: o mundo do sofrimento, da dor. E a aceitar com mais
facilidade as minhas dores e os meus sofrimentos.