sábado, 16 de novembro de 2024

Obrigado, fr. João Dias Vicente !

 

FALECIMENTO

Frei João Dias Vicente, OFM Sacerdote Franciscano

Faleceu, ontem, 14 de novembro, pelas 6.00 horas, na Enfermaria Provincial, Luz, Lisboa, o Frei João Dias Vicente.

João Dias Vicente, nasceu em Palhota, Vila de Rei, a 17 de julho de 1939, filho de Francisco Vicente e de Ana da Conceição, tomou hábito a 14 de agosto de 1955 e fez a profissão temporária a 15 de agosto de 1956; profissão perpétua a 8 de dezembro de 1960 e ordenação sacerdotal a 21 de julho de 1963.

No ano letivo 1963-1964 frequentou o Instituto Católico de Toulouse (França), onde se licenciou em Filosofia Cristã. Com esse diploma pôde entrar na Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa, cujo curso de História frequentou até 1969. Nela defendeu tese de licenciatura em História em 1974, intitulada
D. João II e o Beneplácito Régio em Portugal. De 1969 a 1972 serviu em Moçambique a Marinha de Guerra na qualidade de Capelão Militar; a seguir, preparou, em Lisboa, a citada tese, de 1973 a 1975.

Foi Mestre dos Estudantes de Filosofia no convento da Portela, Leiria. Eleito nesse ano Definidor, renunciou ao cargo para se dedicar à Missão franciscana da Guiné, aonde chegou a 11 de novembro de 1975. Em Bissau foi coadjutor da paróquia da catedral, professor no liceu da capital e diretor da revista
Caminhos Africanos.

Doença pulmonar reteve-o em Lisboa de 1981 a 1983. Retornando à Guiné, foi Superior dos Franciscanos Portugueses (1984-1988 e 1999-2005), Delegado do Ministro Geral para a África Ocidental (1986-1989), Pároco de Santo António de Bandim (Bissau) (1987-1988), VigárioGeral da Diocese de Bissau (1988-1999).

A 6 de dezembro de 2005 a Cúria Geral nomeia-o primeiro Custódio da nova Custódia “São Francisco de Assis” da Guiné-Bissau, dependente da Província de Santo António de Veneza (Itália), cargo que exerceu até 2009.

Colaborou regularmente no “Itinerarium”, onde publicou a tese de licenciatura e outros trabalhos de fundo sobre a história das missões da Guiné; no mensário “Missões Franciscanas” e também na revista “Paz e Alegria”. Colaborou na fundação do boletim informativo e doutrinário da Família Franciscana da Guiné-Bissau
Sol Mansi.

Regressou definitivamente a Portugal, em julho de 2012, tendo sido eleito Vigário Provincial no Capítulo de 2013. Foi ainda guardião do Convento de Montariol no triénio 2013-2016 e de Coimbra de 2016-2019; mas desde 2018 que tem vivido na Enfermaria Provincial devido ao seu estado de saúde cada vez mais debilitada.

Homem inteligente e de trato fino, de uma enorme capacidade de diálogo, muito estimado entre os seus irmãos. Durante o tempo de vida missionária foi muito apreciado pela Igreja e pela sociedade guineense, pela qual trabalhou afincadamente com sentido de responsabilidade e competência.

O seu corpo estará, no dia 18 (segunda-feira), em câmara ardente na igreja do Convento da Imaculada Conceição à Luz, Lisboa, a partir das 9.30 horas. Às 13.15 horas será celebrada a Missa Exequial, seguindo depois para o cemitério dos Prazeres, Lisboa.


Lisboa, Cúria Provincial, 15 de novembro de 2024

sábado, 26 de outubro de 2024

Aventuras missionárias



 Como se sabe, a vida missionaria reserva sempre surpresas. A minha também. Depois de ter feito uma paragem (imprevista) na Itália durante quatro meses (dezembro de 2023 a março de 2024) por problemas pulmonares e cardíacos, eis-me aqui de novo. Desta vez foi uma caída com a mota no dia 31 de agosto perto da vila de Quinhamel. Eu estava a regressar à nossa missão, quando de surpresa deparei com um tronco no meio da estrada. Era noite, chovia, o farol da mota não iluminava muito bem, enfim, eu bati com violência contra o obstáculo e PUUUMMM!

Levado ao hospital de Quinhamel, não me parecia de ter nada de fraturado. A chapa que foi tirada no dia seguinte, também, não revelava nada. Assim, regressei reconfortado à nossa missão. Mas nos dias seguintes, visto que a minha situação não melhorava, aconselhado pela ir. Catherine (enfermeira de grande experiência), decidi fazer uma consulta no hospital de Cumura, onde fiquei internado durante três semanas. Mas também aqui ninguém descobriu o que eu tinha. O que fazer? Diante da perspectiva de ficar deficiente para sempre, decidi ir para Itália, esperando ver a minha situação desbloqueada.

Em Turim, os meus confrades levaram-me logo para o hospital CTO (centro traumatológico) onde me detectaram fratura do fêmur e logoramento da cabeça do fêmur. Resultado? Eu fui operado no dia 5 de outubro e agora estou no "Cottolengo" (outro hospital) a fazer a reabilitação da perna esquerda.

Ficar no hospital não é nada agradável, eu admito, especialmente uma pessoa como eu que gosta de ação, movimento. E no entanto, aqui no hospital estou a fazer novas amizades e a descobrir um mundo para mim desconhecido: o mundo do sofrimento, da dor. E a aceitar com mais facilidade as minhas dores e os meus sofrimentos.



A diocese de Bissau tem três novos diáconos

 


A diocese de Bissau teve a felicidade de acolher três novos diáconos neste sábado, 26 de outubro, os quais foram ordenados pelo seu bispo D. José Lampra Cá, tendo ao seu lado o bispo emerito D. José Camnate na Bissign. A cerimonia teve lugar na igreja paroquial de S. Francisco de Assis, Antula, na periferia de Bissau. Os nomes dos novos ministros ordenados são: Abeuca António Ano Mendes, Mário Infanda e Matias Sencabui Manga. A eles as nossas felicitações e votos de fecundo trabalho na bolanha do Senhor.





quarta-feira, 23 de outubro de 2024

IGREJA CATÓLICA PEDE UM DIA DE ORAÇÃO E JEJUM PELA PAZ E TRANQUILIDADE NACIONAL

 

A catedral de Bissau

A Igreja Católica da Guiné-Bissau convocou, para o dia 04 de novembro próximo, um Dia de Jejum e Oração com o lema "A verdade vos libertará", um momento para que todos rezem pela paz e tranquilidade nacional.

A iniciativa surge em meio a uma crise nacional, marcada pela fuga de jovens para a Europa, o declínio da fraternidade, desavenças entre atores políticos, crises em setores vitais e a má gestão dos bens comuns.

Em entrevista exclusiva à Rádio Sol Mansi (RSM), o Administrador Diocesano da Diocese de Bafatá, padre Lúcio Brentegani, garantiu que a Igreja não tem vocação nem ação direta na política, mas este é um momento para que as pessoas busquem entendimento e união entre os guineenses.

" (…) A nossa vocação é pedir a Deus, por isso estamos a fazer este pedido de um dia de jejum e oração para que escutamos o que Deus tem para nós, para que possamos pedir a Deus união e tranquilidade no país para um bom entendimento, um bom relacionamento e uma boa gestão dos bens comuns", disse o padre Lúcio.

Padre Lúcio Brentegani disse que o convite é extensivo a todos os guineenses e de todas as religiões para que se unam em oração e jejum pelo bem do país.

"Na Guiné-Bissau existe uma boa colaboração entre diferentes religiões e etnias, então é um convite para todos que têm a fé em Deus todo poderoso, o convite também é extensivo às pessoas de boa vontade que querem dar a sua contribuição pelo bem da Guiné-Bissau", explica.

O padre sustenta ainda que o convite é principalmente para os fiéis católicos, porque querem que todos os católicos sintam que ninguém deve ficar por fora deste convite sendo ainda que todos devem sentir que devem trabalhar, rezar e dar contribuição pelo bem do país.

O documento assinado pelo Bispo da Diocese de Bissau, Dom José Lampra Cá, e pelo Administrador Diocesano de Bafatá, padre Lúcio Brentegani, enfatiza que a Igreja é motivada pela vontade das pessoas de estarem sempre com Deus em momentos de crise e dificuldades.

"No momento em que percebemos que a situação de vida de um paz, uma comunidade ou uma sociedade estar num momento difícil. Onde sentimos que as nossas forças estão a diminuir a luz fraca e a nossa fraternidade a deparar-se com problemas, devemos levantar os nossos olhos a Deus e pedimos Deus para que nos ajude a converter, para mudarmos a nossa atitude e para que aceitemos andar sempre nos caminhos escolhidos por Deus", enfatiza.

Padre Lúcio ressaltou que o dia 04 de novembro deve ser um dia de solidariedade, caridade e promoção social, e pediu que as instituições sociais ligadas à Igreja Católica realizem um dia de reflexão pelo bem do país.

"Todos sentem que o momento é dificil e não estamos aqui para qualquer tipo de manifestação, mas o papel da Igreja Católica é de dar a sua contribuição espiritual e é este o que queremos viver na medida da nossa possibilidade", disse o padre justificando o pedido feito aos guineenses.

A Igreja incentiva ainda atos de solidariedade, pedindo que cada cidadão ajude os mais necessitados.

No proximo dia 04 de novembro, as Escolas católicas da Guiné-Bissau estarão fechadas para que alunos e professores possam participar plenamente das atividades.

A Rádio Sol Mansi transmitirá uma programação especial, unindo a nação e a diáspora.

 

Por: Elisangila Raisa Silva dos Santos Camará

domingo, 20 de outubro de 2024

Papa Francisco declara santos oito frades menores e três leigos maronitas


O santo padre papa Francisco canonizou hoje (20 de outubro de 2024) na praça de S. Pedro os Beato Emanuele Ruiz e dos sete Companheiros da Ordem dos Frades Menores, bem como os Beatos Francisco, Mooti e Raphael Massabki, fiéis leigos maronitas, Mártires de Damasco em 1860.

O evento do martírio dos onze Beatos Mártires candidatos à canonização situa-se no contexto da perseguição contra os cristãos que ocorreu na cidade de Damasco em 9 de julho de 1860 e causou milhares de vítimas. Naquela mesma noite, um comando de desordeiros, animado por um ódio religioso profundamente arraigado, conseguiu penetrar por uma porta escondida, indicada por um traidor, no convento franciscano de San Pablo. Lá, oito Frades Menores - sete de nacionalidade espanhola e um de nacionalidade austríaca - e três cristãos leigos maronitas, irmãos entre eles, foram barbaramente massacrados. Foi claramente uma morte de mártires: de fato, antes de infligir brutalmente os golpes mortais nas onze vítimas, os agressores pediram que renunciassem à fé cristã e abraçassem o Islã, um convite que recusaram decisivamente.

O renascimento da Causa foi possibilitado pela crescente reputação de martírio e pelo crescente número de sinais atribuídos à intercessão dos onze Mártires de Damasco, bem como pela disseminação de seu culto. A isto associava-se a esperança de que a sua canonização pudesse ser uma mensagem de diálogo, de paz e de unidade no contexto do Médio Oriente, que se torna menos sereno e mais agitado pelos ventos da guerra.

Para este fim, o Santo Sínodo dos Bispos Maronitas apresentou ao Papa Francisco em 2022 um pedido de canonização dos Beatos Mártires Massabki, expoentes heróicos da santidade leiga maronita. Os Superiores Maiores da Ordem dos Frades Menores, o Ministro Geral e o Custódio da Terra Santa também se uniram ao apelo, pedindo a Canonização para todo o grupo dos onze Mártires de Damasco, sublinhando a iminência do oitavo centenário da morte de São Francisco de Assis, 1226-2026, que assim seria honrado com a canonização de oito de seus dignos filhos. O Papa Francisco, em 23 de março de 2023, autorizou o procedimento especial para a redação e estudo da peculiar Positio super Canonizatione.

sexta-feira, 11 de outubro de 2024

Carolina, mãe, catequista e cristã exemplar


Faleceu ontem de manhã a antiga cozinheira dos frades em Nhoma, Carolina Cubos. Deixa atrás dela uma família numerosa que ela amava com extraordinário afeto e carinho (incluindo os filhos dos outros, que estavam na sua casa "em criação"). Além disso, era uma trabalhadora incansável, mas também uma cristã convicta e ativa na Igreja. Quando lhe fiz a proposta de dar catequese em N'Tchange, uma pequena aldeia perto de Dugal, aceitou logo. Eu falava em crioulo e ela traduzia para Balanta. Gostava de aumentar um pouco, dando exemplos, contando histórias, partilhando experiências. Dizia que a minha linguagem era um pouco elevada, difícil a entender. Eramos uma dupla fantástica. 

Fomos a N'Tchange durante três anos seguidos. Foi uma experiência que me marcou muito: dura, como a cabeça dos camponeses, e maravilhosa pelos frutos de conversão, de vida nova. Vimos a aldeia reviver, transformar-se. Agora a aldeia está a ser assistida pelos voluntários de "Abalalite" que lançaram projets de horticultura, de consulta médica e de escolarização. É pena que a catequese parou, talvez por falta de pessoal ou pela distância da missão católica (quase 20km). 

Mas o nome e a lembrança da Carolina irá continuar a inspirar aquela população para muito tempo.