O hospital de Cumura, a cerca de 10 quilómetros de Bissau, é uma das unidades de saúde que recebe doentes infetados por covid-19, além do Hospital Nacional Simão Mendes, na capital guineense.
"Estamos de luto pela tua morte desnecessária e evitável. Pedimos desculpas por não te podermos dar o oxigénio como precisavas", escreveu Jamila Bathy na sua rede social, Facebook.
A médica especialista em medicina interna, formada pela Faculdade de Medicina da Universidade de Coimbra, relatou ainda que a equipa do hospital de Cumura acabou por perder "uma luta" na tentativa de salvar a jovem infetada pela covid-19.
"Vimos a tua vontade de viver quando rapidamente te adaptaste ao ventilador não invasivo. Rapidamente colaboraste em tudo o que te pedimos. Vimos a tua angústia quando quiseste o oxigénio e não tivemos", escreveu.
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A dout. Jamila com a sua equipa |
"Uma semana de muita luta e guerra que hoje (quinta-feira) perdemos", escreveu na legenda da fotografia, publicada pela médica guineense para consolar a família da jovem e pedir forças para a equipa continuar o trabalho.
Nas explicações sobre os procedimentos aplicados para salvar a jovem, Jamila Bathy relata que "a oxigenoterapia foi intermitente" quando a doente necessitava dela de forma "contínua ininterrupta e a alto débito".
"Não queremos mais mortes desta natureza. Pedimos o básico para fazer o nosso trabalho", defendeu Jamila Bathy.
O hospital de Cumura pertence aos franciscanos menores ("padres de Cumura") que disponibilizaram grande parte do seu parque médico para apoiar as autoridades no combate a covid-19.
A falta de condições de trabalho tem sido relatada diariamente nas redes sociais e nas rádios por profissionais guineenses.
Fontes do hospital de Cumura, indicam que, com cerca de 30 mil euros, a unidade de produção de oxigénio, atualmente avariada, voltará a funcionar.
Um médico do Simão Mendes, principal de referência e de internamento de doentes com a covid-19, Almame Sissé disse à Lusa que têm medo de tocar nos doentes por falta de equipamentos de proteção.
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Este médico afeto aos cuidados intensivos, mas que atualmente trabalha nos serviços da urgência, precisou que vários técnicos do Simão Mendes deixaram de comparecer no hospital por estarem infetados com a covid-19.
Segundo o Centro de Operações de Emergência de Saúde, a Guiné-Bissau já registou desde março, quando foram detetados as primeiras infeções de covid-19 no país, 1.389 casos, entre os quais 12 vítimas mortais e 153 recuperados.Entre os países africanos que têm o português como língua oficial, a Guiné-Bissau lidera em número de infeções.
Fonte: TSF Portugal (https://www.tsf.pt)
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