Guiné-Bissau: a instabilidade continua

Bissau (Agência Fides) - É provável que a crise na Guiné-Bissau piore. A ação surpresa de Umaro Cissoko Embaló, que saiu vitoriosa da votação de 29 de dezembro, de se proclamar presidente sem esperar pelo resultado do inquerito da Suprema Corte sobre uma possível fraude, provocou tensões inevitáveis ​​e levou o exército - ao lado do ex-general - a assumir o controle dos vários ministérios nacionais, TV e Rádio.

Após o final das eleições de 2019, que viram Domingos Pereira e Embaló disputando a presidência, o país entrou em uma condição de total impasse. Na verdade, Embaló, um ex-oficial provavelmente apoiado pelo vizinho Senegal, havia saído vitorioso, obtendo 53,55% dos votos contra os 46,45% de Pereira. Este último, no entanto, contestou imediatamente o resultado. Em uma alternância de tensões e acusações mútuas, a situação precipitou-se em 29 de fevereiro. Naquele dia, de fato, o país se viu na situação anómala de ter dois presidentes: Embaló, que ficou em um hotel na capital e Cipriano Cassama, nomeado presidente interino pelos deputados no parlamento. As ações de Embaló para anunciar a total ilegitimidade de Cassama e nomear Nuno Gomes Nabiam como primeiro-ministro em lugar de Aristides Gomes, provocaram as reações da oposição que fala de um "golpe de estado".

As esperanças de que as eleições possam pôr fim à instabilidade crónica na Guiné-Bissau, portanto, parecem estar provadas erradas. Em conversa com a Agência Fides, o padre Celso Corbioli, missionário oblato de Maria Imaculada, descreve a situação em Bissau: "A situação é muito confusa. A Suprema Corte ainda não havia concluído o processo de avaliação dos apelos à votação". de 29 de dezembro, e Embalò, surpreendendo a todos, decidiu proclamar-se presidente.Enquanto isso, os militares, derrogando o princípio da neutralidade, imediatamente tomaram partido de Embaló, cometendo, segundo muitos, um erro grave. presidente, a tensão aumentou imediatamente. No dia seguinte, os militares apareceram na frente de sua casa e, como ele disse, o forçaram a renunciar com ameaças ". O primeiro-ministro, constrangido a demitir-se, Aristides Gomes também disse que foi ameaçado pelos militares. O missionário continua: "No momento, a situação em Bissau parece calma. No domingo, fui celebrar a missa em uma paróquia do outro lado da cidade e felizmente não tive problemas", mas a tensão espreita por baixo e pode explodir. A esperança, diz pe. Corbioli ", é encontrar um acordo, retornar ao diálogo e aceitar que o Supremo Tribunal faça seu trabalho. Se, no final, Embaló for declarado vencedor, esse resultado poderá ser aceito, desde que haja clareza. Visitas da ONU e representantes do CEDEAO (Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental) são esperados em breve. Esperamos que ajudem o país a sair desse impasse ". (LA) (Agência Fides 3/3/2020)