Não conhecia Renata até alguns meses atrás. Um dia apresenta-se
na missão pedindo o dinheiro para pagar a sua escola. Respondo que não costumo
ajudar pessoas desconhecidas, mesmo se são simpáticas. Ela explica-me que eu
recebo periodicamente uma soma de dinheiro de certa “Sra. Renata”, italiana,
para ela. Assim comecei a conhece-la melhor descobrindo muitas coisas sobre
ela. Por exemplo, que tem dezasseis anos, é simpática e desinibida. Perdeu a sua
mãe quando tinha quinze anos, nunca conheceu o seu pai, porque este abandonou a
família quando ela era ainda pequena. Neste momento vive com uma tia. Renata é
muçulmana, mas não parece. Quando a convidei a participar da “Marcha pela paz”
organizada pelos franciscanos, no dia 2 de agosto, aceitou com entusiasmo,
mais, veio com uma amiga, também muçulmana. No fim da marcha, as duas raparigas
subiram o pódio e agradeceram pela bonita manifestação e lançaram um apelo em
favor da paz e reconciliação, porque – como disse a Renata – “sono todos irmãos
e devemos aprender a nos perdoar e a colaborar juntos para edificar um mundo
mais justo e fraterno”. Quando há uma celebração ou uma festa, ela
gosta de participar, ou melhor, fica zangada se não recebe o convite. Tem um
coração muito sensível e um sentido muito forte de partilha. Parece-me mais
cristã de muitos dos meus paroquianos. Oxalá, talvez um dia dê um passo em frente e
se torne cristã. Por enquanto não o faz, provavelmente porque tem medo
de “trair” a fé da sua família, em particular da sua mãe.
Renata com ir. Silvia |