segunda-feira, 29 de janeiro de 2024

A diocese de Bissau celebra o aniversário de 25 anos da morte de D. Settimio A. Ferrazzetta

Foi no dia 27 de janeiro de 1999 que D. Settímio faleceu inesperadamente, vítima de problemas cardíacos. Foi um golpe terrível para todos nós que, estando mergulhados numa guerra civil que parecia interminável, contávamos com a sua ajuda de mediador para uma resolução positiva do conflito. Mas a situação era tão tensa que foi necessário esperar o mês de abril para o enterro.

D. Settímio foi o primeiro bispo de Bissau, liderando a diocese durante 22 anos (1977-1999). Nos 44 anos que ele viveu na Guiné, ele se tornou um africano no meio dos africanos, melhor, como disse alguém, ele foi um “africano que nasceu por acaso na Itália”.

Franciscano, ele chegou à Guiné em 1955, juntamente com dois confrades, para cuidar dos leprosos, hospedados em palhotas de palha e praticamente abandonados a si mesmos. Ele foi para eles um pai, um amigo, em confidente. Para eles construiu, entre outras coisas, uma “aldeia dos leprosos” para os que, depois da cura e reabilitação, eram rejeitados pela família de origem.

Como bispo, ele promoveu as vocações sacerdotais e religiosas, abriu novas paroquias e missões, lançou inúmeros projetos em prol dos pobres e marginalizados. Mas a sua lembrança estará para sempre ligada à obra de pacificação que ele tentou lançar entre o presidente Nino e o chefe de Estado Maior, general Ansumane Mané. Não conseguiu, mas as imagens do bispo que atravessa a pés nus o rio para encontrar os dois beligerantes deu a volta do mundo. Ele realmente foi um homem de paz, que acreditava firmemente no diálogo como único método para a resolução dos conflitos. Fica para todos nós um exemplo e modelo de pastor e de franciscano, amante da paz, da reconciliação, da verdade que liberta e abre novos caminhos.

De facto, o seu lema como bispo era: “A verdade vos libertará” (Jo 8, 32).

D. Settimio atravessa o rio Impernal (na zona de Nhacra-N'Dame) 
para entrar em Bissau

Muitas pessoas consideram D. Settimio um santo, tanto que a Província de S. António dos frades menores (na Itália do Norte) decidiu abrir a causa de beatificação, que está agora na sua primeira fase, quer dizer, a recolha de todo o material existente sobre a sua pessoa (discursos, cartas, testemunhos de vida).