sexta-feira, 10 de dezembro de 2021

D. José Lampra Cá é nomeado novo bispo de Bissau

A diocese de Bissau tem um novo bispo. O anúncio foi feito através de um comunicado da Santa Sé em 10 de dezembro de 2021. O novo Ordinário era administrador apostólico desde julho de 2020. Ele assim sucede oficialmente a D. José Câmnate na Bissign, de quem era auxiliar desde 13 de maio de 2011.

 Breve biografia

Dom José Lampra Cà nasceu em 5 de janeiro de 1964 em Blom, região de Biombo, diocese de Bissau. Estudou filosofia no Seminário maior de Djibelor, Senegal, e teologia no Seminário maior de Sebikhotane, também no Senegal. Ordenado sacerdote em 27 de dezembro de 1997, foi sucessivamente vice-reitor do Seminário Menor de 1997 a 2000, diretor espiritual do Seminário Franciscano em 1998, Diretor nacional das Pontifícias Obras Missionárias (OPM) de 1999 a 2000. Ele obteve o doutorado em filosofia em 2005, após cinco anos de estudos na Pontifícia Universidade Urbaniana de Roma. Durante a sua permanência na Cidade Eterna, frequentou também cursos de formação para formadores na Pontifícia Universidade Salesiana

No regresso a Bissau exerceu os ministérios de pároco do Cristo Redentor de 2005 a 2006, reitor do seminário menor diocesano, professor de filosofia no seminário maior de Bissau e membro do conselho presbiteral, até à sua nomeação a bispo auxiliar de Bissau em 2011 pelo Papa Bento XVI. Quando o Papa Francisco aceitou a renúncia de Monsenhor José Câmnate na Bissign em 11 de julho de 2020, é ele quem assume o cargo de administrador apostólico da diocese por mais de um ano. Anteriormente Prefeitura Apostólica, Bissau foi elevada à categoria de diocese em 21 de março de 1977. D. José Lampra Cà é o seu terceiro bispo, depois de D. Arturo Settimio Ferrazzetta e D. José Câmnate na Bissign.


quarta-feira, 10 de novembro de 2021

A fraternidade franciscana de Blom se renova

 A comunidade franciscana de Blom, mais uma vez, se renova. O responsável da fraternidade (fr. Renato) continua no seu lugar (guardião e economo), mas com dois novos confrades: Braima e Viriato Lopes Ialá. Todos os dois são estudantes de teologia em fim de estudos e futuros diáconos. São jovens e trazem novas ideias e um novo estilo de presença e de missão, mais encarnado na realidade local, quer dizer, na sua cultura, usos e costumes e no mesmo tempo vivendo uma espiritualidade realmente franciscana. Já começaram a ajudar na pastoral paroquial e na escola, onde estão a dar uma mão na secretaria e no ensino. 

Sinto-me muito sorteado por ter esses dois irmãos que, na verdade, considero muito sérios e preparados.
Espero só de não ser eu um obstáculo com a minha mentalidade branca e europeia. 


Fr. Braima, fr. Renato e fr. Viriato  

domingo, 3 de outubro de 2021

Ir. Cesária Fernando na Bangna faz profissão perpétua

 A ir. Cesária é muito conhecida na paróquia de Nhoma (comunidade de Dugal), onde nasceu e cresceu frequentando a escola de ensino básico local. Muito cedo ela sentiu uma atração especial pelas irmãs franciscanas de Cristo Rei, que têm uma comunidade religiosa em Bissau (paróquia de Brá). Fez a sua primeira profissão em Brá (comunidade do Aeroporto) em 15/12/2013, juntamente com a ir. Sandis. 



Assim, depois de ter completado toda a formação prevista naquela congregação, ela decidiu emitir os votos perpétuos no dia 2 de outubro, escolhendo a igreja paroquial de Nhoma como local para o seu engajamento definitivo. A cerimónia, presidida pelo D. José Lampra Cá, contou com a presença de D. José Camnate na Bissign e mais uma dúzia de concelebrantes. 




terça-feira, 28 de setembro de 2021

Duas irmãs franciscanas fazem engajamento definitivo

As irmãs franciscanas do Coração Imaculado de Maria organizaram uma cerimónia muito bonita, solene e festiva para a profissão perpétua de duas irmãs: Maria Paulina Leocadia Té e Maria Quinta Santos Moreira. Aconteceu no dia 25 de setembro, pelas 9h30 na paróquia de S. Francisco de Assis, Cumura.O rito foi presidido pelo administrador apostólico da diocese, D. José Lampra Cá, com cerca de dez padres concelebrantes. Como a madre geral, ir. Maria Tita, não conseguiu participar, os votos solenes foram recebidos pela sua representante na Guiné: a ir. Maria Luigina Di Minico.

As duas irmãs fizeram praticamente o mesmo percurso formativo e até agora estão a estudar juntas, tendo completado o 2° ano de teologia no Seminário Maior diocesano. Todas duas se fazem apreciar pela sua simpatia, alegria e modestia. 

A ir. M. Paulina nasceu a 3 de janeiro de 1988, enquanto ir. M. Quinta nasceu a 15 de maio de 1987. 

 
Ir. Maria Paulina Leocadia Té

Ir. Maria Quinta Santos Moreira




terça-feira, 14 de setembro de 2021

Renovaço de votos no tempo do COVID -19

 
 
Este ano, a cerimónia de renovação de votos dos nossos jovens frades foi diferente dos anos anteriores. Aconteceu em Brá, bairro periférico de Bissau, onde se encontra a nossa casa de formação, no dia 13 de setembro. Devido à pandemia que continua a semear doenças e morte, foi decidido que a cerimónia ia ser realizada a portas fechadas, quer dizer, sem concurso de povo. E assim, numa igreja completamente vazia, os nossos catorze jovens frades prometeram a Deus de viverem mais um ano na castidade, pobreza e obediência.

 


 

quinta-feira, 2 de setembro de 2021

Testemunho de vida


 Estou a escutar um profeta do nosso tempo: chama-se D. Christian Carlassare, missionário comboniano. Trabalha no Sul-Sudao há cerca de vinte anos. No passado 8 de março foi nomeado pelo papa Francisco bispo de Rumbeck. É neste momento o mais novo bispo italiano: tem 43 anos. 

Devia ser consagrado bispo em maio, mas no dia 25 de abril foi baleado com quatro tiros nos pés. No dia 2 de setembro de 2021 veio dar o seu testemunho de missionário na igreja paroquial de Malo. Ele conta regressar no mês de novembro para o Sul-Sudao. 

O seu atentado não é isolado. No mês passado duas irmãs foram mortas num atentado; três padres diocesanos foram recentemente espancados a sangue. 

D. Christian não esconde o seu medo em regressar, mas mais forte é o desejo de oferecer reconciliação e paz neste canto do mundo, que acaba de sair de cinquenta anos de guerra (1955-2005).


quarta-feira, 1 de setembro de 2021

Dossier de Nigrizia sobre a Guiné-Bissau

Quero informar sobre um "dossier" da revista Nigrizia dos combonianos sobre a Guiné-Bissau no número de setembro 2021. São 16 páginas muito estimulantes onde também eu dei a minha contribuição  com um artigo sobre a situação religiosa, em particular sobre o diálogo inter-religioso.

Para quem estiver interessado é possivel descarregar on-line clickando neste link: https://www.fondazionenigrizia.org/prodotto/nigrizia-settembre-2021/. Custa 4,00 €.

Posso também enviar pelo e-mail, se alguém quiser.

 



quinta-feira, 5 de agosto de 2021

Perto do paraíso

Acabo de viver alguns dias de ... paraíso com outros consagrados e consagradas em Roveré Veronese, nos montes da Lessínia. Foram seis dias (28 de julho a 3 de agosto) de intenso trabalho, de reflexão, de estudo, sem tempo para descansar ou passear. E no entanto foram dias fantásticos, incríveis. O tema era de uma grande atualidade: "Carismas em unidade". Noutros termos, como harmonizar e juntar os diferentes carismas - que são dons do Espírito Santo - na Igreja, como pôr os carismas ao serviço da Igreja. Um programa muito ambicioso e até pretencioso, se não fosse suportado por uma espiritualidade muito sólida, qual é a espiritualidade da Unidade que nasce do carisma de Chiara Lubich. 




quinta-feira, 15 de julho de 2021

Com muita alegria recebemos hoje a notícia da eleição do nosso irmão fr. Victor Luís Quematcha como Definidor Geral para Africa. Isso é uma honra e um desafio para nós frades da Guiné-Bissau, porque significa que já somos adultos e capazes de assumir encargos importantes dentro da Ordem. 

Os nossos parabéns ao fr. Victor que deixa para os próximos seis anos  país para servir a Ordem dos Frades Menores no conselho geral. Votos de bom trabalho, irmão!



terça-feira, 13 de julho de 2021

A Ordem dos frades menores elegeu o novo ministro geral

 Foi festa, ontem, na nossa família franciscana pela eleição do novo ministro geral da Ordem dos Frades Menores na pessoa de fr. Massimo Fusarelli, frate da Província Romana. O fr. Massimo tem 58 anos de idade e é o 121° sucessor de s. Francisco de Assis. A ele os nossos votos mais fraternos e a promessa das nossas orações. Coragem, irmão Massimo, estamos contigo. Conta connosco. 



Depois do ministro geral, hoje houve a eleição do vigário geral onde ficou escolhido o fr. ISAURO ULISES COVILI LINFATI. O novo vigário é chileno e tem 60 anos de idade.



domingo, 6 de junho de 2021

Despedida na igreja evangélica de Ondame

 Convidaram-me, hoje, para uma cerimónia de despedida na igreja evangélica de Ondame. Naturalmente aceitei, porque são convites raros e porque a nossa amizade está ainda no início. E deve ser cultivada. 

Foi um momento bonito, com muitos discursos, danças, músicas e, naturalmente, prendas. O pastor/enfermeiro Agostinho Amena Sambe', depois de sete anos de serviço nesta comunidade, voltou para a sua terra de origem, Tâmara, perto de Cumura.

Na minha breve intervenção falei da beleza da nossa amizade e conclui dizendo: "Somos irmãos, devemos caminhar juntos!" 


Clínica do " Bom samaritano" e sala da comunidade de Ondame

sábado, 1 de maio de 2021

Faleceu um missionario do PIME, p. Roberto Donghi

 Jovem missionario do PIME, o p. Roberto Donghi era muito conhecido em Bubaque onde ele trabalhava como pároco desde abril de 2011. 

O p. Roberto nasceu na Italia, em Lecco (1972), e depois de ter concluido os seus estudos teológicos e de ter sido ordenado padre, partiu para a missão de Catió, no sul da Guiné-Bissau, em 2003. Muito respeitoso dos usos e costumes do povo, que ele queria conhecer profundamente, participou até ao fanado (=circuncisão) dos jovens balantas daquela região. Fez-se animador de muitos projetos através da sua associação TAGME, que em língua local significa "Vamos pôr mão à obra".  

Nos últimos meses ele estava na Itália para tratar um cancro, quando a notícia da sua morte, na noite de quarta-feira para quinta, apanhou todos de surpresa. 

O seu enterro foi programado para o dia 3 de maio, em Lecco (Itália), sua cidade de origem.



terça-feira, 27 de abril de 2021

A família franciscana pública uma mensagem de denúncia

O Grito da Terra - o grito dos pobres!

Mensagem da Família Franciscana na Guiné-Bissau

A situação atual nos impele a pronunciarmo-nos, enquanto filhos e filhas de São Francisco de Assis, em prol da paz e do bem de todos, como foi o testemunho de vida deste homem extraordinário.

Éramos uma sociedade mais pacificada e capaz de ultrapassar os contenciosos com rostos que voltavam a ser sorridentes e cativantes. Os laços de entendimento e de união entre os guineenses continuavam bem evidentes, mesmo depois dos acontecimentos mais desgastantes e demolidores. Dava para ter esperança no amanhã e ter confiança na capacidade de agir pelo bem comum, no presente.

Hoje, somos obrigados a perguntar-nos: “Para que lugar estamos a caminhar e aonde queremos chegar?”, pois estamos a viver uma crise política, jurídica, económica, educativa, sanitária, entre outras, que nos mergulha num clima de agressões físicas e verbais, atentatórias à dignidade humana e conducentes à violação da integridade física e moral das pessoas, das instituições e da sociedade em geral, enquanto comunidade de bem. Assistimos a gastos avultados de dinheiro público, de forma leviana e sem transparência; constatamos a instrumentalização das identidades étnicas e religiosas para fins políticos; a ausência de respostas às populações mais desfavorecidas, relativamente à assistência alimentar, educativa e proteção social; o agravamento de impostos recaídos sobre os trabalhadores, sem prévia melhoria das condições laborais e salariais, quando as benesses do erário público são para consumos políticos e não para o investimento público; a justiça fragilizada, desacreditada e seletiva, não estando ainda totalmente ao alcance dos mais frágeis e necessitados; os silêncios que escondem conflitos de princípios e ausência de valores, por que deve reger-se o Estado de Direito, inclusive ao nível da Comunidade Internacional.

A manutenção deste estado de coisas leva à degeneração da situação até à ingovernabilidade, clivagem e colapso. A litigiosidade e agressividade, como um vírus, estão a contagiar a população no seu dia a dia. A desconfiança reina em todo o lado. A República está a regredir, em termos de garantias e defesa dos direitos e avanços típicos das nações, que não renunciam ao estatuto de verdadeira democracia, onde as pessoas gozam de cidadania ativa e plena.

O descontentamento é bem visível em todo o lado e se torna mais patente nos alunos penalizados a ficar em casa ou vagueando pelas ruas, proporcionando o aumento de violências domésticas e/ou baseadas no género, na vulnerabilidade e precariedade das famílias, sobretudo as lideradas pelas mulheres. Hipotecamos o nosso futuro, vivendo o presente duma maneira inglória e irresponsável. E quantas pessoas pagaram o preço da crise sanitária? Sem falar do tráfico de droga e de outros crimes que, infelizmente, um Estado fragilizado não tem capacidade de enfrentar com eficiência.

Na escola de São Francisco de Assis aprendemos que é importante ter o espírito de sentinela para alertar e denunciar os males do próprio tempo, mas também é preciso colaborar – em sinal de esperança – na construção duma sociedade nova, indicando o caminho que nos possa catapultar para a fruição do bem-estar coletivo, onde ninguém é esquecido ou fica para trás. Não estamos contra ninguém, apenas pretendemos defender um futuro melhor para todos, comprometendo-nos, também nós, a trabalhar, dedicada e humildemente, para o bem-estar de todos. Nosso objetivo é contribuir para a saída das páginas sombrias da nossa história comum, começando, desde já, a escrever uma página mais luminosa e empolgante.

Chegou o momento de eliminar a malícia de certas ações, de cessar de fazer o mal, de aprender a fazer o bem, de procurar o que é justo (cf. Isaías 2,16-17) e de respeitar a memória de todos aqueles que sonharam e deram a vida para que fôssemos um povo unido (apesar das nossas diferenças), livre e independente. Nesse momento, os guineenses precisam que as instituições do Estado, em especial os órgãos de soberania, se preocupem com a sua vida concreta. O Estado deve ser o primeiro educador da nação, mobilizando a todos e agindo de modo a resolver, de uma vez por todas,  as questões ligadas à saúde, ao ensino, à produção e à alimentação; deve, ainda, proteger e incentivar a descentralização de oportunidades de mobilidade social ascendente e suscitar e promover a vinculação das pessoas e coletividades, no interior do país, a uma ideia de nação; garantir os direitos sindicais dos trabalhadores e o sistema de reforma e proteção social (Segurança Social); investir na economia, capaz de gerar emprego, através da transformação local e dinamização de circuitos de distribuição de bens e serviços de  primeira necessidade; melhorar a gestão do grave problema da recolha e reciclagem do lixo, e dar mais importância e destaque à proteção da biodiversidade, com atenção especial às florestas, pois, por motivos obscuros, assiste-se a uma exploração irresponsável da nossa floresta, correndo assim o risco de a destruirmos e virmos a ser vítimas do nosso próprio comportamento inadequado.

O Estado deve promover a urbanização sensata da capital e dos principais centros urbanos nas Regiões; melhorar as infra-estruturas de comunicação, para favorecer uma maior e melhor mobilidade; agir de modo a proporcionar melhor e mais fácil acesso à água potável; favorecer o acesso à luz, aumentando a área da cobertura elétrica; diminuir a pressão fiscal, em vez de aumentar as taxas num contexto de pandemia; promover a confiança dos cidadãos nas instituições, através de uma governação eticamente exemplar e do combate à corrupção em todas as suas formas.

Parafraseando o Papa Francisco, queremos, como filhos de São Francisco de Assis, irmão de todos, sonhar com uma Guiné-Bissau unida e fraterna, conscientes de que somos filhos desta terra que nos alberga a todos, cada qual com a riqueza das suas origens, da sua fé e das suas convicções; cada qual com a sua voz, mas todos irmãos. Por isso, sugerimos que cada um de nós faça sua esta oração de São Francisco, pedindo a Deus a graça de participarmos efetiva e eficazmente na construção da nossa nação:

Senhor, fazei de mim um instrumento da vossa paz!

Onde houver ódio, que eu leve o amor;
Onde houver ofensa, que eu leve o perdão;
Onde houver discórdia, que eu leve a união;
Onde houver dúvida, que eu leve a fé.

Onde houver erro, que eu leve a verdade;
Onde houver desespero, que eu leve a esperança;
Onde houver tristeza, que eu leve alegria;
Onde houver trevas, que eu leve a luz.

Ó Mestre, fazei que eu procure mais consolar do que ser consolado;
Compreender do que ser compreendido;
Amar do que ser amado.

Pois é dando que se recebe;
É perdoando que se é perdoado;
E é morrendo que se vive para a vida eterna.

Bissau, 06 de abril de 2021

  

 

Fr. Raxido M. dos Santos, ofm

   Presidente                   

 

     Ir. Ires F. Picollo

Secretária