Foi
no dia 27 de janeiro de 1999 que D. Settímio faleceu inesperadamente, vítima de
problemas cardíacos. Foi um golpe terrível para todos nós que, estando
mergulhados numa guerra civil que parecia interminável, contávamos com a sua
ajuda de mediador para uma resolução positiva do conflito. Mas a situação era tão
tensa que foi necessário esperar o mês de abril para o enterro.
D.
Settímio foi o primeiro bispo de Bissau, liderando a diocese durante 22 anos
(1977-1999). Nos 44 anos que ele viveu na Guiné, ele se tornou um africano no
meio dos africanos, melhor, como disse alguém, ele foi um “africano que nasceu
por acaso na Itália”.
Franciscano,
ele chegou à Guiné em 1955, juntamente com dois confrades, para cuidar dos
leprosos, hospedados em palhotas de palha e praticamente abandonados a si
mesmos. Ele foi para eles um pai, um amigo, em confidente. Para eles construiu,
entre outras coisas, uma “aldeia dos leprosos” para os que, depois da cura e reabilitação,
eram rejeitados pela família de origem.
Como
bispo, ele promoveu as vocações sacerdotais e religiosas, abriu novas paroquias
e missões, lançou inúmeros projetos em prol dos pobres e marginalizados. Mas a
sua lembrança estará para sempre ligada à obra de pacificação que ele tentou
lançar entre o presidente Nino e o chefe de Estado Maior, general Ansumane Mané.
Não conseguiu, mas as imagens do bispo que atravessa a pés nus o rio para
encontrar os dois beligerantes deu a volta do mundo. Ele realmente foi um homem
de paz, que acreditava firmemente no diálogo como único método para a resolução
dos conflitos. Fica para todos nós um exemplo e modelo de pastor e de
franciscano, amante da paz, da reconciliação, da verdade que liberta e abre
novos caminhos.
De
facto, o seu lema como bispo era: “A verdade vos libertará” (Jo 8, 32).
D. Settimio atravessa o rio Impernal (na zona de Nhacra-N'Dame)
para entrar em Bissau
Muitas
pessoas consideram D. Settimio um santo, tanto que a Província de S. António dos
frades menores (na Itália do Norte) decidiu abrir a causa de beatificação, que
está agora na sua primeira fase, quer dizer, a recolha de todo o material
existente sobre a sua pessoa (discursos, cartas, testemunhos de vida).