Graças à Noemi, voluntária italiana e nossa hospede, tivemos um Natal verdadeiramente "alternativo". Ela deu a ideia de convidar os malucos da cidade, juntamente com quem vive na solidão, para um almoço comunitário. O convite foi lançado. No entanto, no momento do almoço só o Luís e o irmão de Filipe, surdo-mudo, tinham aparecido. E os outros? Estavam ainda pelas ruas e nos bares e foi necessário ir buscá-los. Um já estava bêbado antes de a gente começar. Finalmente todos chegaram e a festa começou. Foi um almoço de Natal inesquecível, incrível: todo o mundo estava à vontade, feliz. Eu senti que era o Natal mais verdadeiro de toda a minha vida: simples, pobre, mas fraterno e alegre.
Obrigado, Jesus, por ter escolhido os últimos como testemunhas do teu nascimento!
Sou frade franciscano, missionário na Guiné-Bissau desde 1993. Com este blogue quero informar sobre a vida nas nossas missões franciscanas espalhadas em África, em particular na Guiné-Bissau.
quinta-feira, 26 de dezembro de 2019
quinta-feira, 19 de dezembro de 2019
Adeus, p. Domingos!
O p. Domingos tinha nascido a 27 de novembro de 1955 em Bolama, era de etnia mancanha. Foi ordenado diácono a 18 de setembro de 1983 e sacerdote a 30 de dezembro de 1984.
O p. Domingos distinguia-se pela sua inteligência e paixão pelos estudos, que o levou a escrever um livro sobre Os Mancanhas. Depois da sua licenciatura em Teologia Dogmática começou a ensinar no seminário maior inter-diocesano, onde era muito amado pelos seus estudantes.
A nível do Estado da Guiné, foi nomeado em 2015 presidente da Comissão organizadora da Conferencia Nacional para a Reconciliação e a Paz. Ele gostava de repetir que a paz só se pode alcançar acreditando no diálogo e na força do perdão.
domingo, 15 de dezembro de 2019
Os malucos, meus irmãos
Mamadu, a lavar-se numa rua de Bissau |
A Noemi com uma curandeira tradicional |
Eu também comecei a interessar-me a eles, a conversar com eles, a tentar entender os seus comportamentos excêntricos, as suas "tolices". Frequentando-os, descobri que há vários graus de loucura e que todos eles tem momentos de lucidez em que é possível comunicar e entender-se. Até posso dizer que tenho alguns "amigos" loucos. Como o Mamadu, que vive nas ruas do centro-cidade. Posso dizer que agora ele é meu amigo, embora a nossa linguagem é feita apenas de apertos de mão e sinais. Ou o Carlitos, pelo qual conseguimos encontrar um quarto e agora ele é ao cume da felicidade e está a ter um comportamento mais aceitável.
Carlitos |
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