domingo, 28 de junho de 2020

Adeus, Filipe

O nosso amigo Filipe deixou-nos na noite de sexta para sábado.
As circonstâncias da sua morte estão ainda por esclarecer. Segundo as nossas fontes, foi atingido por um tiro de espingarda enquanto andava na escuridão perto da sua casa e abandonado no chão. Foi encontrado algumas horas depois, graças a um cachorro amigo que chamou a atenção da gente porque não se afastava do local. Tinha perdido muito sangue e não foi possivel salva-lo.
O Filipe não era um santo, muito pelo contrário , era um tipo perigoso, violento. Mas era doente mental e foi em momentos de raptus que ele tinha matado várias pessoas (pelo menos três), em momentos e circonstâncias diferentes. Por isso tinha feito vários anos de prisão, mas depois tinha sido libertado porque doente mental.
Nestes últimos anos morava em Quinhamel, onde a gente tinha aprendido a amá-lo e a respeitá-lo apesar da sua doença. Vinha todos os dias à nossa missao a procura de comida (o frei Michael costumava dar-lhe pão e as irmãs açúcar).
Graças aos cuidados da Noemi, uma psiquiatra italiana que passou alguns meses connosco como voluntária, estava a melhorar bastante. Ela mesma escreve: "Ele estava a mudar por dentro: graças à ajuda das pessoas que o assistiam, ele tinha conhecido o perdao de Deus e das pessoas em volta dele. E' um exemplo de pequeno renascimento."

Adeus, Filipe, não vamos esquecer facilmente o teu sorriso simpático, a linguagem estranha e o gosto da brincadeira.

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